sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

  Não ouvi o meu pai, não ouvi os vizinhos de cima a discutir, não ouvi a cadela dos vizinhos de cima a ladrar permanentemente, não ouvi as novelas a que a minha mãe costuma assistir...Não ouço música por razões simples. Quem está oito horas por dia com auriculares a ouvir pessoas a falar, muitas aos berros, e ruído ou barulho de fundo altamente irritante; tem um pai que, desde que se reformou, age como um miúdo hiperactivo e vizinhos que por vezes, muitas vezes aliás, parece que estão dispostos a deitar a casa abaixo, quer é chegar a casa, ou seja onde for, e estar em paz e sossego! Frequentemente, e digo-o com toda a certeza, gostava de experimentar a surdez. Tenho também a convicção de que, a sê-lo, só se fosse num estado temporário e em períodos à minha livre escolha. Recorri, por isso, a um artefacto que me deu imenso jeito mas que, como todos, têm as suas desvantagens: tampões para os ouvidos. Excelente! Não ouvi o meu pai, não ouvi os vizinhos de cima a discutir, não ouvi a cadela dos vizinhos de cima a ladrar permanentemente, não ouvi as novelas a que a minha mãe costuma assistir...Só ouvi os meus pensamentos e li os meus livros com a máxima concentração. Excelente mesmo! Em compensação também não ouvi o toque de mensagens no telemóvel, nem as chamadas, nem uma das minhas gatas a deitar o telefone ao chão, nem o carteiro a bater à porta... Enfim... Não há bela sem senão e parece que vou ter que voltar à estaca zero...

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